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terça-feira, 18 de outubro de 2016

" REBELIÕES , GUERRA PCC X CV "

Rebeliões sinalizam fim de pacto entre PCC e CV e espalham tensão em presídios

Acordo de paz entre as duas facções durou quase duas décadas e pode ter chegado ao fim



O possível fim da aliança de quase duas décadas entre as duas maiores facções criminosas do país, o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital(PCC), mergulha os presídios brasileiros em tensão e há o temor de que tudo termine em sangue. As organizações, originárias respectivamente do Rio de Janeiro e de São Paulo, sempre conviveram de forma relativamente harmoniosa no sistema prisional e nas ruas de quase todos os Estados. Chegaram a ser parceiras em várias empreitadas, atuando em uma espécie deconsórcio criminoso na compra de armas e drogas no Paraguai, Colômbia e Bolívia. No Ceará, por exemplo, elas articularam um acordo que ficou conhecido entre os moradores como a pacificação das periferias. As rebeliões ocorridas no domingo (16) centros de detenção em Roraima e Rondônia, no entanto, estão sendo consideradas um sinal evidente da cisão entre elas.

PCC arrebentaram os cadeados que separam as alas e invadiram o setor da facção fluminense. Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários de Roraima, pelo menos seis presos foram decapitados e queimados, o que dificultou a identificação dos corpos. O conflito ocorreu durante o horário de visita, o obviamente mais importante e pretensamente protegido no código não escrito dos detentos, o que foi lido como mais um indicativo da divisão profunda entre as facções. Horas depois, numa prisão de Porto Velho, um motim semelhante deixou oito presos mortos. Em São Paulo, nesta segunda-feira, houve uma rebelião no presídio de Franco da Rocha, com a fuga de entre 200 e 300 detentos, sem informações sobre mortos, feridos ou indicações suficientes até agora de relação com os episódios no Norte do país.

Uziel de Castro, secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, afirmou nesta segunda-feira que as rebeliões foram uma "determinação nacional" do PCC para que seus integrantes atacassem integrantes do CV. "Eles declararam guerra entre as facções (...) estamos percebendo nacionalmente o rompimento desse acordo entre eles." Castro citou também rebeliões no Pará, mas a informação não foi confirmada pelas autoridades locais. Indagado sobre o racha entre as facções, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que não faria comentários “sobre grupos criminosos”, e afirmou que “não é possível se combater de forma séria e dura o crime organizado se não começarmos pelos presídios”.


A socióloga Camila Nunes Dias, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, diz que as duas facções já vinham se ameaçando desde julho em enfrentamentos pontuais dentro do sistema penitenciário. “Houve tentativas de evitar a ruptura definitiva, mas após os acontecimentos desse final e semana isso deixou de ser possível”, diz. “Os dois grupos tem uma estratégia de expansão nacional e chega um momento nesse projeto que um começa a atrapalhar o outro.”
Agora, existe o receio de que a violência se espalhe para outras unidades do sistema penitenciário – e também para as ruas. As duas facções têm presença nacional e um confronto aberto entre elas pode levar a um aumento significativo dos homicídios e da violência no país, de acordo com especialistas. “O momento é de tensão e expectativa em termos da repercussão da quebra dessa aliança”, afirma Luiz Fábio Paiva, professor do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência.

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“O momento é de tensão e expectativa em termos da repercussão da quebra dessa aliança”

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