Advogados de SP são presos por suposta ligação com facção criminosa
Um dos detidos é o vice-presidente do Conselho de Direitos Humanos, Luiz Carlos Santos. Segundo o MPF, ele recebia dinheiro para ajudar a facção.
23/11/2016 05h27 - Atualizado em 23/11/2016 07h48
Mais de trinta pessoas foram presas no estado de São Paulo, suspeitas de fazer parte de um braço de uma facção criminosa. Entre elas, advogados e o vice-presidente do Conselho que apura violações dos Direitos Humanos.
Luis Carlos dos Santos foi preso na casa dele, em Cotia, na grande São Paulo. Ele é o vice-presidente do Condepe, um conselho criado por lei estadual para receber, apurar e acompanhar denúncias de violação de direitos humanos.
Segundo as investigações, o vice-presidente recebia uma mesada de R$ 5 mil da facção criminosa que age dentro e fora dos presídios, e prometia usar o cargo para criar vantagens para a facção. A polícia diz que Luiz Carlos dos Santos usava o papel de defensor dos direitos humanos para atacar a conduta de policiais civis e militares suspeitos de crimes, colocando a opinião pública contra a polícia, mesmo quando a culpa dos agentes de segurança não estava comprovada.
"Esse monitoramento que durou um ano e meio e mais esse documento que foi encontrado em um presídio que apontava o nome do senhor Luis Carlos dos santos como sendo uma pessoa contratada pela organização criminosa para esse tipo de utilização que eu to falando", afirmou o secretário de Segurança Pública de SP, Mágino Alves Barbosa Filho.
Também houve busca e apreensão na sede do Condepe. A polícia disse que apenas computadores e laptops de Luis Carlos foram levados. O Condepe não é investigado. O conselho é independente, mas recebe suporte operacional, administrativo e financeiro da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania. Os conselheiros são indicados por instituições e entidades da sociedade civil.
A presidente do Condepe disse que nenhuma denúncia de violência policial ou de violação de direitos no sistema prisional feita por Luiz Carlos dos Santos, se mostrou inconsistente. "A gente não tem nenhuma informação dos autos. Até aqui, o conselheiro Luis atuou dentro dos principios legais das atribuições do Condepe, não tendo nada a ensejar no sentido da atuação dele", declarou.
Na operação, batizada de Ethos, também foram presos advogados em cidades do interior e no litoral. A polícia diz que eles são advogados constituídos de integrantes da facção crimosa que estão presos. Tudo dentro da lei, mas segundo as investigações, eles trabalhavam como uma espécie de pombo correio, levando e trazendo informações para os bandidos que estão fora da prisão.
Luis Carlos dos Santos e os outros presos foram levados em comboio, sob forte esquema de segurança, para o Penitenciária I de Presidente Venceslau, no interior do estado, a 600 quilômetros da capital. Na mesma cidade tem um outro presídio onde estão os chefes da facção criminosa. As prisões de hoje são temporárias e valem por cinco dias.
A presidente do Condepe também disse que está preocupada com a segurança de pessoas que denunciaram ou testemunharam violações de direitos - informações sigilosas delas estão em um dos computadores apreendidos.
A Secretaria da Justiça reafirmou a independência do Condepe e disse que Luiz Carlos dos Santos, foi indicado pelo Conselho Ouvidor de Direitos Humanos e Cidadania, em Cotia, como representante da sociedade civil.
A OAB disse que determinou o acompanhamento do caso por meio da comissão de direitos e prerrogativas profissionais, para assegurar os direitos dos advogados presos.
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