
Presos ateiam fogo em colchões e provocam incêndio em CDP de Pinheiros
Grupo de Intervenção Rápida foi acionado para conter ato de indisciplina; feridos foram atendidos dentro da unidade
Felipe Cordeiro e Felipe Resk, O Estado de S.Paulo
24 Julho 2017 | 13h18
Atualizado 24 Julho 2017 | 18h07
Atualizado 24 Julho 2017 | 18h07
SÃO PAULO - Presos se envolveram em um ato de indisciplina, atearam fogo em colchões e provocaram incêndio no Centro de Detenção Provisória (CDP) I de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), não houve reféns nem feridos gravemente.

A SAP informou, em nota, que o Grupo de Intervenção Rápida (GIR) foi acionado e entrou na unidade para restabelecer a ordem na unidade localizada na Marginal do Pinheiros, próximo ao cruzamento com a Marginal do Tietê. Os presos, de acordo com a SAP, abriram um buraco entre os pavilhões I e IV.
Os presos que tiveram ferimentos leves foram atendidos por médico na enfermaria da própria unidade. Não houve necessidade de remoção externa, ainda de acordo com a pasta, que investiga o motivo da rebelião.
GIR permanecia na unidade no início da noite desta segunda. O CDP de Pinheiros receberia nesta segunda 13 presos que vinham de delegacias de polícia, mas, por cauda da manifestação, estes detentos foram remanejados para outras unidades prisionais.
O CDP de Pinheiros instaurou um procedimento para apurar o caso, que também será investigado pela Corregedoria Administrativa da SAP. Segundo a pasta, a unidade "opera dentro dos padrões de segurança e disciplina".
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que as informações sobre a ocorrência ficarão concentradas na SAP.
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Presos ateiam fogo em colchões e provocam incêndio em CDP de Pinheiros
Famílias
Cerca de 100 familiares de detentos fazem vigília do lado de fora do CDP de Pinheiros e cobram explicações sobre o ocorrido. Eles também reclamam que os jumbos, como são chamadas as entregas de comidas e itens de higiene aos presos, foram devolvidos.
A desempregada Eugênia de Oliveira, de 52 anos, disse que não tem notícias do filho de 19 anos, preso em flagrante por tráfico de drogas, desde que foi detido, há sete meses. "Cheguei aqui e vi aquele fogo subindo", afirmou, aos prantos.

"Não consigo ver meu filho, vim aqui para tentar fazer a carteirinha de visita e não consigo", declarou Eugênia. Segundo diz, ela tem enfrentado dificuldade para ter a entrada de visita liberada no CDP, porque tem passagem na polícia e ficou presa de por 6,5 anos por tráfico. "Meu filho está sem jumbo, sem nada, porque não me deixam entrar", disse. "Faz 10 meses que eu não devo nada pra Justiça."
Já a cozinheira Ivone Félix, de 42 anos, disse que o motim estava previsto "pelas condições da unidade". "Está horrível, superlotado, só na cela do meu filho são 32. A comida é azeda, tratam mal os familiares nas visitas", afirmou. "Vi o fogo na televisão e corri para cá."

O filho de Ivone, um jovem de 21 anos preso por tráfico, está há dois meses em Pinheiros. "Eles estão presos porque erraram, mas não têm de passar por isso. Não estão pagando já?"
Por causa da ocorrência, um trecho da Marginal do Pinheiros chegou a ser bloqueado duas vezes, uma no início da tarde e outra por votla das 17h. Uma ambulância também saiu da unidade prisional, mas a SAF informou não haver feridos.
Às 16 horas, policiais militares da Força Tática também entraram no presídio, mas ficaram na área externa.
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