Por Renata Mariz - O Globo
BRASÍLIA - Agentes penitenciários de várias partes do país invadiram o Ministério da Justiça nesta terça-feira em protesto por condições diferenciadas de aposentadoria na reforma que o governo tenta aprovar. Eles também reivindicam a aprovação de uma proposta de emenda constitucional de 2008 para tornar os servidores penitenciários profissionais da segurança pública, com uma estrutura de carreira nacional. A Polícia Militar do Distrito Federal estimou 500 manifestantes no total.
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Segundo o presidente da Federação Nacional dos Servidores Penitenciários, Fernando Ferreira da Anunciação, uma greve nacional pode ser deflagrada a qualquer momento. Anunciação criticou o emprego da Força Nacional, da Força Penitenciária Nacional e outros auxílios do governo federal na crise carcerária do início do ano, dizendo que não passaram de paliativos.
— Foi um engodo, nada resolveu. O estopim para essa mobilização foi sem dúvida tratar o agente penitenciário sem levar em conta as peculiaridades da profissão. Não é possível (exigir) 40 anos de trabalho e 65 de idade. Pedimos inúmeras vezes ao ministro que interceda junto ao Congresso, mas é só tapinhas nas costas, nada de concreto.
O clima ficou tenso após a Força Nacional ter se portado em frente à porta pela qual os manifestantes entraram. Anunciação disse que ninguém entra nem sai do local. O impasse continua. Alguns manifestantes levantam gritos de resistência.
Líderes sindicais pediram calma aos agentes para evitar confronto. Os manifestantes quebraram o vidro de uma das portas que dá acesso ao prédio, por onde entraram.
Antônio Cesar de Jesus Dória, do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal do Rio de Janeiro, disse que os manifestantes irão resistir no local.
— Uma hora haverá tentativa de retirada e nós não sairemos. Vamos entrar em choque com a Força Nacional se necessário — afirmou.
— É tiro, porrada e bomba, sim. (...) A dor de não tentar vai ser pior que a dor de agora. Prefiro morrer hoje aqui com um disparo de arma letal ou não letal... Cuidado para não matar colega — disse Dória, apontando para os agentes da Força e arrancando aplausos dos manifestantes.
Dória diz que a categoria se sentiu traída ao saber que o relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA) divulgou uma errata, em abril, esclarecendo que os agentes penitenciários não foram incluídos nas regras especiais dos policiais civis com idade mínima de 55 anos.
O servidor alegou que não é justo, ressaltando que recentemente o Supremo Tribunal Federal proibiu greve de órgãos de segurança pública, incluindo os agentes:
— Na hora do ônus, nós podemos ser incluídos. Mas na hora de sermos tratados com a diferenciação que a carreira existe, somos descartamos.
REUNIÃO
O diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional, Marco Antonio Severo, foi escalado para conversar com os manifestantes. Uma comissão formada pelos manifestantes foi levada para se reunir com o diretor do Depen. O ministro não participará da audiência. A justificativa é que se trata de um assunto do Legislativo e, portanto, fora da alçada de Serraglio.
No final da tarde, o clima distensionou nas dependências do Ministério. Os manifestantes aguardam sentados no chão ou em cima de colchonetes trazidos para o protesto. A Força Nacional continua de prontidão em dois pontos cruciais do local: no mezanino da área e na porta de acesso.
Brasileiros unidos
ResponderExcluirTodos que são contra as reformas trabalhistas coloquem uma bandeira ou pano negro em suas janelas
E nossa chance de mostrar a todos esses corruptos imprensa ao mundo nossa indignação!